top of page

O dia em que deixei de achar que depressão era mimimi


Sempre fui uma pessoa de bem com a vida, que gosta de festas e estar no meio das pessoas. Difícil era me ver desanimada ou passar dias tristes. Era como se a “Alegria” do filme “Divertidamente” realmente estivesse querendo estar à frente da minha vida.




Em 2004, conheci o Hugo e, depois de 2 anos de namoro, nos casamos, alguns meses antes do casamento ele recebeu uma proposta de onde trabalhava, para trabalhar em outro país.

Quando ele me perguntou o que eu achava, na hora respondi: vamos! Eu já tinha morado fora uma vez, adoro conhecer novos países, novas culturas. Eu tinha apenas 24 anos e encarei tudo isso como uma super oportunidade.


Logo após o meu casamento me mudei para as Bahamas, simplesmente estava apaixonada pelo lugar! Fiz novos amigos, fazia trabalho voluntário em um local que amava e achei que realmente estava indo tudo bem com minha nova vida.


No entanto, começaram a ocorrer situações que nunca ocorreram antes, eu saía de casa e começava a sentir um calor maluco, dali a pouco frio, meu coração acelerava, eu tinha suores intensos, náuseas, dores no peito, angústia. Meu Deus, o que estava acontecendo comigo?


Não queria mais sair de casa, toda vez que saía me sentia mal. Falaram para eu procurar um terapeuta por lá, eu não conseguia falar o que sentia nem em português, quanto mais em inglês.


Não queria mais sair de casa, me isolei das pessoas e, quando vi, já tinha dias que não saia da cama. Não tinha vontade de comer, tomar banho. Aquela pessoa alegre e cheia de vida não tinha muita vontade de viver.


Não sabia onde procurar ajuda, fui em um acupunturista que me indicaram, mas se tinha uma pessoa com medo de agulhas, essa pessoa era eu, não consegui fazer acupuntura.

Ele me indicou alguns florais, comprei, tomei todos os dias, mas não me ajudou.


Eu não fazia ideia do que estava acontecendo comigo, nunca tinha passado por aquilo antes e nunca tinha ouvido histórias a esse respeito.


Foi quando decidi vir para o Brasil e me tratar aqui. Uma pessoa me indicou um psiquiatra e marquei uma consulta. Eu tinha muito preconceito dessa especialidade médica, mas eu não aguentava mais viver o que eu estava vivendo. Eu realmente precisava de ajuda.


Na consulta, ele me disse que eu estava com síndrome do pânico e depressão. Me receitou 3 medicamentos diferentes.


Eu, sinceramente, não acreditava em depressão. Achava que as pessoas que tinham eram fracas, não lutavam e ali estava eu, na frente de um psiquiatra falando que não tinha mais vontade de viver ao mesmo tempo em que a morte me assombrava todos os dias. A síndrome do pânico é viver o medo da morte.


Iniciei o tratamento, aos poucos comecei a melhorar e já voltei para as Bahamas. Fui ganhando novamente qualidade de vida, sentindo prazer pelas atividades diárias e pela vida.


Agradeço o apoio que recebi de amigos e familiares, algumas pessoas não entenderam, mas faz parte eu também não entendia.

Pela minha ignorância no assunto, demorei para pedir ajuda profissional e sofri bastante por isso.

Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de prevenção ao suicídio, iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida, do Conselho Federal de Medicina e da Associação Brasileira de Psiquiatria.


É importante que as pessoas que estejam passando por momentos de crise busquem ajuda. O ideal é um acompanhamento médico e psicológico, além do apoio da família e dos amigos.


Para isso, é essencial que as pessoas consigam falar sobre o que sentem e se sintam apoiadas e acolhidas.

Hoje, o meu desejo é que as pessoas que passam por situações como essa não sofram sozinhas e que as pessoas que nunca passaram possam ter empatia, acolher e ouvir quem precisa.


bottom of page